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São algumas as pessoas que consideram que sim, tornando-se por vezes um entrave na procura de ajuda psicológica.
O que pretendo com este texto é reflectirmos, eu e os leitores, acerca do que são as consultas de psicologia para no final do artigo tentarmos, cada um de nós, responder à questão colocada.
O processo psicoterapêutico é composto por sessões de psicologia, normalmente com uma cadência semanal, de 50 minutos cada sessão. O encontro psicólogo e paciente dá-se porque existe um pedido manifesto por este último, uma dificuldade emocional que condiciona o seu desempenho no dia-a-dia, afectando a imagem de si próprio. O propósito da psicoterapia será ajudar o paciente a entender e reflectir a origem desse mal-estar de forma a não o voltar a sentir. Nas sessões há um encontro de duas pessoas, o paciente e o psicólogo, ou seja, é estabelecida uma relação e um contracto terapêutico, o paciente sabe que tem e terá sempre o seu dia e a sua hora, tem um tempo na sua vida que é só seu, onde pode verbalizar livremente o que sente, como se sente, os seus receios, os seus medos, os seus sonhos, sem o risco de ser julgado pelo psicólogo, pois não faz parte do seu papel ajuizar, criticar, faz parte sim do seu papel escutar, escutar sem avaliar, escutar o que paciente verbaliza e observar o que não verbaliza, traduzir para um conteúdo simbólico e latente e ir assim acendendo ao inconsciente do paciente para no momento certo interpretar e nesta devolução ao paciente pretende-se desencadear um estado introspectivo, de reflexão, de insight, conduzindo pouco a pouco ao auto-conhecimento, à transformação.
Nesta relação terapêutica o paciente “vive naquele encontro” com o psicólogo as relações do seu passado colocando por vezes o psicólogo como objecto da sua raiva ou da sua admiração. Estas vivencias e emoções experienciadas no setting têm de ser trabalhadas nas sessões para se tornarem produtos conscientes ou seja há a compreensão do vivido nessa relação. É pela relação e na relação que surge a mudança psicoterapêutica.
Para além de todo o trabalho desenvolvido na consulta, como a escuta, a interpretação, a reflexão, posteriormente o psicólogo vai analisar ao pormenor a sessão de forma a que em cada sessão o paciente possa sentir que “vai buscar algo” e “sair com algo” que vai de encontro ao seu pedido, à sua expectativa neste processo, que é o seu bem estar emocional. Ainda neste trabalho paralelo à sessão, o psicólogo precisa de estar em constante actualização de conhecimentos, de um modo geral estará associado a uma sociedade científica ligada à linha teórica que segue, no meu caso em concreto é a teoria de base psicanalítica – com foco nos aspectos conscientes e inconscientes da mente conduz a um melhor conhecimento de si, à compreensão de padrões de comportamento que causam desconforto emocional, é um trabalho feito de “dentro” para “fora” – ou seja, o psicólogo para além da licenciatura, tira formações de 4 anos, pós graduações, não pára de estudar. Por último, temos a psicoterapia pessoal, segundo a corrente psicanalítica o psicólogo tem de fazer a sua própria psicoterapia pois na sessão este terá de ter a disponibilidade necessária de escuta sem que esta seja contaminada pela sua vivência passada, pelos seus problemas, os conteúdos que têm de aparecer na sessão terão de dizer apenas respeito ao paciente.
Quando chega a alta terapêutica do paciente muitas vezes o que o psicólogo ouve é “nunca pensei ser a pessoa que sou hoje!”, “nem acredito como eu era quando cheguei e as coisas que já consigo fazer hoje em dia”. Este é o momento em que sentimos a recompensa de todo o trabalho, das horas de análise da sessão, do tempo e dinheiro gasto em formações e na psicoterapia pessoal.
A relação psicoterapêutica mantem-se para a vida, mesmo que o paciente não mais sinta necessidade em voltar ele sabe que tem uma pessoa que estará em qualquer altura disponível para o receber.
Para concluir, o processo psicoterapêutico tem por base uma relação psicoterapêutica que conduz à transformação interna, ao conhecimento e a aceitação da pessoa que somos! Será que é caro? Penso que não.
Ana Isabel Marcos – Psicóloga Clínica e Psicoterapeuta
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